terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Funcionalismo.

-Postulado Funcioalista: a linguagem é instrumento de comunicação e interação social e devem ser descritas e explicadas a partir dessa mesma comunição.
-As línguas são concebidas como modo de intração.
-O sistema linguístico não é moldado, mas sim utilizado para poder ser moldado a partir da 'fala' da sociedade.

-O objeto da análise do funcionalismo, é a língua em uso.

Frases exemplos:
-Os sem-terra invadiram a fazenda.
[Análise, segundo a gramática normativa]:Os sem-terra-> sujeito simples.
invadiram a fazenda-> predicado verbal.
a fazenda-> objeto direto.

Língua = expressão do pensamento.

-Os sem-terra invadiram a fazenda.
[Análise, segundo a gramática descritiva]:Os sem-terra->sintagma nominal.
Os-> determinante.
invadiram->sintagma verbal.
a fazenda-> sintagma nominal.

Língua = sistema de signos.

-Os sem-terra invadiram a fazenda.
[Análise, segundo a gramática explicativa].
Sentenças Oracionais-> Sintagma nominal->determinante
-> nome


Sentanças Oracionais-> Sintagma verbal->sintagma nominal->nome
->determinante

->Sintagma verbal-> nome.

Ou seja, a frase ficará do seguinte modo: Os(determinante) sem-terra(nome) ivadiram(nome) a(determinante) fazenda(nome).

Língua = faculdade.

-Os sem-terra invadiram a fazenda.
[Análise, na visada interpretativa].

Língua = manifestação da ideologia.

-Os sem-terra, eles invadem a fazenda.
As sentenças se organizam em:
Tópico: Os sem-terra.
e em comentário: eles invadem a fazenda.

Língua = uso/interação.

As diferentes análises do discurso

-Sempre que interpretamos, a nossa interpretação, é a partir de uma ordem social e ideológica, e fazemos isso de forma inconsiente.
-Para a Análise do Discurso, a ideologia se concretiza no texto, em forma de discurso, é essa ideologia que constitui o sujeito.
-A linguagem está estreitamente ligada com os grupos que a produzem (e o ramo da linguistica que estuda esses grupos é a sociolinguistica).
-A língua é a mesma, em todos os conceitos em que ela aparece, a maneira de como a linguagem é empregada que se torna diferente.
-Com relação ao preconceito, ele não está na linguagem, em forma de estrutura, ele está sim, na linguagem em seu funcionamento.

-Formação Imaginária: imagem de um referente feito por um anunciado e um anunciatário.
-Formação discursiva: lugares ideológicos que determinam como o discurso será construído (aquilo que pode e deve ser dito a partir de uma posição de classe social).

Materialismo

Materialidade: conceitos de "fora para dentro", que define o que você é, e porque você é assim.

-Não é o discurso apenas que move a história; e sim, a luta de classes sociais, é o move a história.
-Cada cabeça é um mundo.

"A luta acontece dentro da língua" Backitin.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Gerativismo: conceitos fundamentais.

Modelo de análise linguistica.
'Linguagem e língua'.
-A linguagem é uma capacidade mental que todos os seres humanos possuem- e apenas eles - Ela é a mesma que cerca seis bilhões de indivíduos.
-A linguagem e a competência da fala são orgãos da mente.
-A capacidade da linguagem é inata: significa que não a aprendemos no curso de nossa experiência de vida,mas já nescemos com ela.
-O ser humano tem a capacidade de aprender a linguagem, as abelhas, por exemplo, se comunicam por instinto.

-Uma mesma palavra, empregada em contextos diversos, pode significar variadas coisas.

'Infinidade Discreta'.
-O conhecimento da linguagem é parte da nossa biologia.
-Se a linguagem fosse aprendida por repetição, só seríamos capazes de repetir o que ouvimos, e nunca conseguiríamos formular palavras novas.
-Somos capazes de produzir um número infinito de expressões gramaticais, a partir de um número finito de 'sons'.

'Comportamento e Cognitivismo'.
-O sujeito nasce com a capacidade de falar, não somos tábulas rasas.
-Pelo fato de os estímulos verbais que existem no ambiente exterior, serem pobres, vamos produzir estímulos verbais pobres também, porém, as crianças tendem a "inventar" algumas palavras, por isso possuem um vocabulário "rico".

'O problema de Platão e o problema de Orwell'.
-Problema de Platão: pobreza de estímulos, mas mesmo assim, conseguimos aprender muito.
-Problema de Orwell: a partir de tantas evidências, conseguimos selecionar apenas as evidências mais "chocantes".

-Para pensar em linguagem, o que conta mesmo é o Problema de Platão, porque, é a partir de poucos estímulos que aprendemos muito.

'Aquisição e Aprendizagem da Linguagem'.
-Nós já nascemos com princípios linguísticos universais.
-Todas as línguas possuem sugeito/predicado; consoantes/vogais; sistema numérico; recursividade (a partir de uma sentença simples, podemos criar uma sentença complexa).
-(Universal Linguistico): todas as línguas possuem uma capacidade de memória.

-Aquisição (que é diferente de aprendizagem) é o processo que ocorre, com a criança exposta a estímulos linguisticos.
-Aprender uma língua é algo natural, espontâneo.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Resenha do artigo: “Introdução À Linguística”, de José Luiz Fiorin.

Link para os slides do Artigo: "Introdução a Linguistica", de José Luiz Fiorin.

http://docs.google.com/present/view?tab=publish&id=0Ae2-KDHXo7B2ZGZ6OXpxandfODJxbm5tdGd2&hl=en

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Resenha do artigo: “Introdução À Linguística”, de José Luiz Fiorin.

1. INTRODUÇÃO
Saber como os itens lexicais de uma língua se estruturam em uma sentença é a parte central da competência linguística dos seres humanos, tal como é entendida pela Gramática Gerativa. O falante de qualquer língua natural tem um conhecimento inato sobre como os itens lexicais de sua língua se organizam para formar expressões mais e mais complexas, até chegar ao nível da sentença, agrupando itens lexicais de acordo com algumas propriedades gramaticais que eles compartilham. Essas propriedades nos levam a distinguir um grupo por oposição a outro.
Nossa competência linguística também nos ajuda a perceber que as sentenças de nossa língua não são o resultado da mera ordenação de itens lexicais em uma sequência linear.
Sabemos, portanto, que a estrutura da sentença não é linear, mas sim hierárquica.
Essa nossa competência também nos indica que uma sentença se constitui de dois tipos de itens lexicais: de um lado, estão aqueles que fazem um tipo particular de exigência e determinam os elementos que pode satisfazê-las; e. do outro, estão os itens lexicais que satisfazem as exigências impostas pelos primeiros.


2. CATEGORIAS GRAMATICAIS
Podemos dizer que o falante reconhece que o item lexical “plongar” pertence à mesma categoria do item lexical “cantar” porque ambos possuem a propriedade de assumir formas variadas dependendo dos traços morfológicos de seus sujeitos, que, de maneira geral, são os elementos que antecedem os verbos.
Essas marcas também variam dependendo da situação descrita pela sentença ter ocorrido em um tempo anterior ao momento da fala, ou de estar ocorrendo simultaneamente a uma outra situação. Ainda, as marcas variam dependendo de o evento ser episódico, ou de ter uma duração no tempo.
Portanto, essas marcas morfológicas permitem que distingamos a categoria gramatical dos verbos das demais categorias de palavra. As propriedades morfológicas, distribucionais e semânticas próprias de cada um dos itens lexicais de uma língua nos permitem agrupá-los em categorias que passam a ser definidas exatamente pelo fato de que os itens que as integram compartilham tais propriedades gramaticais.
No entanto, essa completude é apenas aparente. Quem já se submeteu à tarefa de analisar a língua viva, defrontou-se com problemas, uma vez que, nesses livros, só vemos tratados os casos prototípicos. É por isso que, no nosso entender, devemos não memorizar, mas iniciar-nos no trabalho de observação de agrupamentos que serviram de base para o estabelecimento das categorias gramaticais.
Por exemplo:
(1) O João é um menino murge, mas não feliz.
(2) O está mais murge do que qualquer pessoa que eu conheça.
Quando exposto à sentença acima, qualquer falante do português dirá que, apesar de não saber o significado do item “murge”, ele parece ser do mesmo tipo que “triste”, por exemplo. Para o falante iniciado nos estudos gramaticais, isso equivale a dizer que o item murge pertence à categoria gramatical dos adjetivos. Essa conclusão baseada basicamente na análise de propriedades morfológicas é corroborada pela análise da distribuição de murge das sentenças. Em (1) murge combina-se com o substantivo menino, que, subsequentemente, combina-se com o determinante um para formar o constituinte um menino murte. Portanto, murge é parte integrante do constituinte nucleado por menino. Já em (2), ele é um constituinte independente do item ao qual atribui uma propriedade. A utilização de itens lexicais que tem a propriedade de substituir constituintes, que aqui chamamos de PROFORMAS, pode funcionar como evidência de que murge tanto pode integrar um constituinte nucleado por um substantivo quanto pode formar um constituinte independente.
3. ESTRUTURA DE CONSTITUINTES
Em sua superfície, as sentenças das línguas naturais são formadas por uma seqüência linear de itens lexicais. Mas essa seqüência não é aleatória. Assim, sabemos que uma sentença como (2) é bem formada em português, e que uma sentença como (3) não é possível e nossa língua.
(2) O menino comprou uma bicicleta nova com a mesada.
(3) *A comprou uma menino nova o com bicicleta mesada.
Esse conhecimento é parte de nossa competência lingüística, sem jamais ter sido formalmente ensinados a reconhecer estruturas possíveis ou impossíveis em nossa língua, temos uma intuição a respeito de como as seqüências de elementos lingüísticos devem se estruturar sucessivamente, de modo a formar unidades mais e mais complexas, até chegarmos à formação de uma sentença. Essas unidades são chamadas de constituintes sintáticos e são os átomos com que a sintaxe opera.
Saindo de organizações simples, pode-se ajuntar com outras estruturas simples e formar estruturas complexas. Essa organização, que parte de itens lexicais e os inclui em grupos maiores hierarquicamente superiores, é chamada de estrutura de constituintes. A estrutura de constituintes da sentença (2) pode ser representada pelo seguinte diagrama:

O MENINO COMPOU UMA BICICLETA NOVA COM A MESADA.
O menino comprou uma bicicleta nova com a mesada.
O menino comprou uma bicicleta nova com a mesada.
O menino comprou uma bicicleta nova com a mesada
Uma bicicleta nova com a mesada.
Bicicleta nova a mesada.

É a impossibilidade de atribuirmos uma estrutura de constituintes ao exemplo (3) que o torna agramatical.

3.1. EVIDÊNCIAS PARA A ESTRUTURA DE CONSTITUINTES
Tomemos como exemplo a seguinte sentença:
(4) O João vai comprar o último livro do Chomsky na Borders’ amanhã.
Para obtermos certos efeitos discursivos, os vários constituintes dessa sentença podem ser colocados em posição inicial. Esse tipo de descolamento pode ser chamado de TOPICALIZAÇÃO:
(4.a) Amanhã, o João vai comprar o último livro do Chomsky na Borders’.

Ainda, podemos deslocar os constituintes da sentença para realizar uma operação que é chamada de CLIVAGEM. Nessa operação, constituintes da sentença são não só movidos para uma posição frontal, mas também são “ensanduichados” entre o verbo SER e o conectivo QUE. Esse deslocamento serve para construirmos sentenças de foco, p.ex.:
(4.b) É o João que vai comprar o último livro do Chomsky na Borders’ amanhã.

Uma outra possibilidade de deslocamento que evidencia a estrutura de constituintes de uma sentença construída com um verbo transitivo direto é a PASSIVAÇÃO. De uma sentença como (4), podemos construir uma sentença como (4.c):
(4.c) O último livro de Chomsky vai ser comprado pelo João amanhã na Borders’.

Esses tipos de deslocamentos evidenciam que certos tipos de deslocamentos são incabíveis na língua, assim como:
(5) *[Último], o João vai comprar o livro do Chomsky amanhã na Borders’.

Uma outra evidência de natureza distribucional para a estrutura de constituintes de uma sentença é o que tem sido chamado de FRAGMENTOS DE SENTENÇAS. Considere-se o seguinte diálogo:
(6) A: Aonde o João foi?
B: Ao cinema.
Ao invés de dar a resposta completa à pergunta de A, B prefere usar uma forma curta, ou seja, um fragmento de sentença. Só constituintes podem servir como fragmentos de sentença em respostas.
É importante sempre se ter em mente que nem todos os constituintes são evidenciados pelas mesmas construções. Assim, como no exemplo, não conseguiu-se isolar o verbo “ir” do modo tradicional, ou pelo método das estruturas constituintes.
Uma outra evidência sintática que comprova a estrutura de constituintes e que já não diz mais respeito à sua distribuição na sentença é a PRONOMINALIZAÇÃO. As línguas naturais utilizam-se de proformas para retomar a referência de entidades e eventos já mencionados na sentença ou no discurso. As proformas, no entanto, só substituem constituintes sintáticos. Portanto, toda vez que pudermos substituir uma seqüência de palavras por uma proforma, vamos estar diante de um constituinte sintático. P.ex.:
(7) O João vai comprar o último livro do Chomsky na Borders’ amanhã.
(7.a) Ele vai comprar o último livro do Chomsky na Borders’ amanhã (João).

Um outro recurso que temos para evidenciar constituintes cujo núcleo é o verbo é o que envolve um fenômeno lingüístico conhecido como ELIPSE. Respeitando certas condições discursivas, algumas partes da sentença podem ser elididas, como no seguinte diálogo:
(8) A: A criança não vai parar de gritar?
B: Eu acho que ela vai [parar de gritar], mas só se você parar de dar bola para ela.
Essas possibilidades (assim como a elipse traz informações adverbiais – de tempo ou lugar, p.ex.- ou omiti-los) evidenciam que aquilo que a gramática tradicional chama predicado tem uma estrutura bastante complexa, sendo formado por vários constituintes hierarquicamente relacionados.

3.2 AMBIGUIDADES ESTRUTURAIS
Tomemos a seguinte sentença:
(9) O Pedro viu a menina com o binóculo.
Essa sentença tem duas possíveis interpretações. Pela primeira, entende-se que o Pedro viu a menina através do binóculo que ele trazia com ele. Pela segunda, entende-se que a menina que o Pedro viu usava ou carregava um binóculo.
Muitos poderiam argumentar que essa ambigüidade só existe porque a sentença está fora de contexto. Em contextos apropriados, ela deixaria de ser ambígua: um contexto específico nos levaria a uma interpretação e não a outra. Isso não deixa de ser verdade. Entretanto, a sintaxe tem como um de seus objetivos o tipo de sentença, independentemente do contexto particular em que ela foi enunciada. O que a sintaxe vai fazer é investigar a possibilidade de a ambigüidade de uma sentença como (9) estar associada a diferentes estruturas.
Para realizar a desambiguação, podemos utilizar os métodos expostos anteriormente de deslocamento ou movimentação dos constituintes.
POR MOVIMENTO DOS CONSTITUINTES:
[Com o binóculo], o Pedro viu a menina.
Foi [com o binóculo] que o Pedro viu a menina.

[A menina com o binóculo], o Pedro a viu.
Foi [a menina com o binóculo] que o Pedro viu.

POR PASSIVAÇÃO
[A menina] foi vista pelo Pedro [ com o binóculo].
[A menina com o binóculo] foi vista pelo Pedro.
Eis aqui uma evidência de que a ambigüidade da sentença (9) é de natureza sintática: uma única ordenação linear esconde duas estruturas hierárquicas distintas.
Passemos, agora, à análise de uma outra sentença ambígua:
(10) Os meninos comeram as maçãs verdes.
A primeira interpretação que se pode fazer dessas sentenças é a de que, considerando-se que existam, no cenário, maçãs vermelhas e maçãs verdes, os meninos comeram as maçãs verdes. A segunda leitura possível é a de que os meninos comeram as maçãs antes de elas amadurecerem, quando elas ainda estavam verdes.
Neste caso, uma outra possibilidade de explicação para a ambigüidade poderia ser levantada. Talvez se ela se deva à possibilidade de que, em nosso léxico, existam duas palavras verde, que tem o mesmo som e grafia, mas sentidos diferentes: um deles corresponderia à cor verde e o outro seja equivalente a não-maduro(a). Entretanto, podemos argumentar contra essa explicação, mostrando que casos de ambigüidade semelhantes acontecem em sentenças construídas com palavras que não apresentam a mesma duplicidade de sentido que verde.
(11) Os meninos comeram as cenouras cruas.
Mas num caso como (11) a palavra “crua” possui o mesmo sentido, desta forma evidencia-se no âmbito da sintaxe, que para que haja a desambiguação pode-se usar os movimentos de constituintes ou a passivação, desta forma, obtendo-se somente um sentido.


4. PREDICADOS E ARGUMENTOS.
A idéia que usamos as línguas naturais para a expressão do pensamento, ou seja, a idéia de que as línguas naturais se relacionam a representações mentais não é nova. É com base nessa idéia que vamos desenvolver essa seção sobre predicados e argumentos.
Imaginemos uma fotografia em que aparecem uma criança e um gato. A fotografia foi tirada em um lugar qualquer, uma saleta, por exemplo, em que havia além da criança e do gato, uma poltrona vermelha, uma mesa, um cesto de palha pendurado na parede atrás da poltrona. Perto da criança e do gato havia muitos pedaços de fios de lá arrebentados.
Ao comentar uma fotografia como essa, podemos descrever várias situações diferentes, dependendo do que se mostrar mais relevante para nós. E cada pessoa que se proponha comentar a mesma fotografia poderá descrevê-la de modo diferente, realçando uma determinada situação e minimizando a importância de outra.
Podemos então, caracterizar os argumentos de um predicado como os elementos que são capazes de satisfazer suas exigências e que desempenham papéis específicos determinados por ele.
Os verbos são considerados os predicados por excelência, mas todas as outras categorias lexicais também podem funcionar como tal. É o caso das preposições, dos nomes e dos adjetivos.
Consideremos as seguintes sentenças, sendo possíveis descrições da fotografia:
(12) Esse gato é amigo da criança.
(13) Criança adora gato.
Essa sentença também expressa a situação estativa de o gato ser amigo da criança. A sentença (13) também expressa uma situação estativa: a de que criança adora gato. Podemos dizer que o verbo ADORAR, em (13), é um verbo que tem valor predicativo, no sentido de que se determina três coisas: (i) o número de participantes envolvidos na situação que ele descreve; (ii) as características que esses participantes devem ter – se precisar ser [+/- humanos], [+/- animados], etc.; e (iii) o papel de cada um desses participantes desempenha no evento descrito. Diferentemente, o verbo SER, não exibe essa capacidade. Ele é um verbo puramente gramatical, no sentido de que sua função é a de simplesmente carregar as marcas de flexão de tempo, aspecto, modo e pessoa. Ele não tem valor predicativo. Se o verbo SER não tem valor predicativo, o que é que está funcionando como predicado na sentença (12)? É o nome AMIGO. Veja que é o termo AMIGO que requer pelo menos dois participantes. Dizemos, então, que AMIGO, na sentença em exame, é um predicado de dois lugares, que toma as expressões ESSE GATO e a CRIANÇA como seus argumentos. Portanto, nomes, em determinados contextos, também podem ser considerados predicados.
O mesmo também pode acontecer para outras classes de palavras, assim como as preposições. Dessa forma, vemos que nomes, tanto quanto verbos e preposições, também podem se comportar como predicados.
O que fizemos até aqui, então, foi observar a relação entre predicados e argumentos em funcionamento em uma língua natural, o português brasileiro. Concluímos que verbos, nomes, preposições, adjetivos e advérbios podem ser predicados e que, nesse caso, determinam o número de participantes da situação que expressam, as características que esses participantes devem ter e o papel que cada um deles desempenha na situação. É importante enfatizar que a noção de predicado de que faz uso a gramática tradicional. Para nós, todas as categorias lexicais – nomes, verbos, adjetivos, advérbios e também as preposições – podem ser consideradas predicados. Predicados são itens capazes de impor condições sobre os elementos que com eles compõem o constituinte do qual são núcleos. Argumentos, por outro lado, são os itens que satisfazem as exigências de combinação dos predicados.
Essas exigências são de dois tipos: semânticas e sintáticas. No que diz respeito às exigências semânticas, elas estão relacionadas aos papéis de PAPÉIS TEMÁTICOS. Um predicado atribui tantos papéis temáticos quantos forem os argumentos associados a ele. Papéis temáticos são, portanto, os papéis desempenhados por todo argumento de um predicado e atribuídos a esses argumentos de um predicado e atribuídos a esses argumentos pelo próprio predicado que os seleciona.
Verbos, em determinadas sentenças, como ARREBENTAR, podem se comportar como um predicado de dois lugares, atribuindo dois papéis temáticos a seus argumentos: o de AGENTE (o arrebentador), e o de PACIENTE (o objeto arrebentado). Tratando de verbos como QUEBRAR, TERMINAR, ABRIR e XEROCAR, sugerimos que fenômenos como esses apontam para a sistematicidade nas relações entre léxico e sintaxe, observada em vários conjuntos de fatos lingüísticos do português e de outras línguas. Uma possível análise para essas alternâncias é admitir que, no léxico, podem acontecer operações que afetam as propriedades dos predicados relativamente ao número de argumentos que eles podem tomar, e, consequentemente, ao tipo de papéis temáticos que eles podem atribuir.
Sendo assim, existem verbos que assumem mais de dois papéis temáticos. P.ex.: ABRIR (verbo iterativo) assume 3 papéis temáticos: (i) AGENTE(o que/quem abre), (ii) PACIENTE (o que/quem é aberto) e (iii) INSTRUMENTO (objeto com que se abre o que ou quem).
O mapeamento das informações semânticas contidas no léxico precisa se manifestar nas sentenças de modo explícito. A sintaxe fornece um esqueleto estrutural sobre o qual são projetados os itens lexicais que trazem para a sintaxe toda a informação semântica a eles associada.
Alguns verbos admitem o caráter de “NÚCLEOS”m uma vez que atraem dois argumentos. Assim, levanta-se a questão: Será que os dois argumentos de, p.ex., COMPRAR se juntam ao verbo simultaneamente? Evidências de várias ordens demonstram que não. Um dos argumentos, que chamamos de ARGUMENTO INTERNO, junta-se primeiramente ao verbo, ocupando uma posição que chamamos de COMPLEMENTO. O núcleo e seu complemento formam um sub-constituinte, ao qual se junta o segundo argumento, denominado ARGUMENTO EXTERNO. Chamamos a posição ocupada pelo argumento externo de ESPECIFICADOR.
Em resumo, o esqueleto estrutural que a sintaxe constrói tem por base as seguintes relações:
a relação que se estabelece entre o núcleo e seu complemento;
a relação que existe entre o sub-constituinte formado pelo núcleo + complemento e o especificador.

Note que, por essa análise, o que tradicionalmente se conhece por sujeito e objeto resulta de uma configuração estrutural ao invés de receber uma definição nocional. Desta forma, sujeito é o constituinte que ocupa aposição de especificador e objeto direto é o constituinte que ocupa a posição de complemento do verbo. Com isso, evita-se o uso de definições problemáticas como as que dizem que o sujeito é aquele que pratica a ação expressa pelo verbo.
Por razões de natureza sintática, em português, não podemos ter argumentos de um nome sem que eles sejam introduzidos por uma preposição. Portanto, ao argumento interno de DESTRUIÇÃO, p.ex., precisamos acrescentar a preposição DE, de modo a obter DOS NOVELOS, e seu argumento externo, acrescentamos a preposição POR, de modo a obter PELO GATO, originando o enunciado: “A DESTRUIÇÃO DOS NOVELOS PELO GATO”.
Uma última observação se faz necessária. As sentenças podem conter constituintes que não são previstos como exigências dos predicados no léxico. É isso o que acontece com o constituinte ONTEM, na sentença abaixo:
(14) O João comprou batatas ontem.
Onde é que podemos colocar constituintes como esses em nossa estrutura? Eles não ocupam nem a posição de complemento, nem a de especificador. Na verdade, eles ocupam outra posição na estrutura, a posição de ADJUNTO.
Note que ao incluirmos o adjunto na estrutura criamos uma projeção que repete o rótulo de sintagma verbal. Isso acontece porque adjuntos não formam um novo nível hierárquico. Essa é a grande diferença sintática que existe entre argumentos e adjuntos. Quando argumentos são mapeados na sintaxe, o núcleo projeta um novo nível hierárquico. Quando um adjunto entra na estrutura, isso não acontece, uma vez que ele é somente um outro segmento da mesma categoria.
Na sentença em exame, a presença do advérbio de tempo ONTEM não se deve uma exigência do verbo COMPRAR. Por isso, quando ele é mapeado na sintaxe, não há que se falar em uma nova projeção hierárquica. Antes, ele é mapeado como um constituinte que se aplica a uma projeção fechada do tipo SV, e a mantém com a mesma estruturação hierárquica que ela representava anteriormente. Essa é a razão pela qual dizemos que um adjunto é um segmento da categoria à qual ele se aplica.


5. CONCLUSÃO
A sintaxe é a área da Lingüística que estuda a estrutura das sentenças. Os princípios envolvidos na estruturação das sentenças de nossa língua são parte de nossa competência lingüística. Portanto, estudar a estrutura das sentenças envolve, como um primeiro passo, trazer à tona um conhecimento que qualquer falante da língua tem.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Perguntas e respostas.

1-) O Programa de pesquisa gerativista assume como um dos seus pressupostos que a linguagem é uma capacidade inata dos seres humanos. Segundo os gerativistas, quais são as evidências que sustentam esse pressuposto?

Resposta: Como sabemos, a linguagem é inata ao homem.
Sabemos também, que todos os humanos, falam a língua natural, e que todas essas línguas, são complexas e elas podem ser explicadas pelo uso.
No nosso cérebro, existem várias partes correspondentes à nossa fala.
Para finalizar, a nossa faculdade da linguagem no mostra que já nascemos com o capacidade da fala.




2-) A linguagem humana no entendimento de Noam Chomsky baseia-se em uma propriedade elementar chamada propriedade da "infinidade discreta". Explique o que vem a ser tal propriedade.

Resposta: Segundo o que aprendemos nas aulas de Epistemologia da Linguistica, essa propriedade da "infinitude discreta", se baseia no fato de a língua conter números finitos de sons que no permite nos expressar para que outra pesoa nos entenda. E com algumas variações desses finitos sons, podemos fazer sentenças diferentes com siginificados diferentes.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

-A criança adquire a linguagem na medida em que ela é estimulada.

-Nós não aprendemos por repetição, se fossemos aprender desse modo, nós nunca produziríamos outro tipo de frase sem ser a que nós ouvimos dos nossos pais e pessoas que convivemos, mas a que nós mesmos criamos.

-Segundo Chomsky, a criança adquire as palavras, através da formulação de hipótese, pois já nascemos pré-deteminados a desenvolver a linguagem.

-A língua não é somente um sistema suferfecial e sim, uma estrutura profunda.

Ex: A mulher muda a fita. (é uma estrutura superficial)

A mulher-> sintagma nominal, que é formado por um determinante e um nome.

muda a fita-> sintagma verbal, que se divide em duas partes, o verbo e o sintagma nominal, que se divide em, nome e determinante

Exemplo de estrutura profunda: A mulher muda a fita.

A mulher muda-> sintagma nominal que se divide em determinante, nome e adjetivo.

a fita-> é um sintagma verbal, que se divide em verbo e sintagma nominal.

- A língua não é uma tábula rasa, mas é inata

- Os falantes produzem sentemças que nunca variam.

-Na linguagem existem alguns "universalismos", todas as línguas possuem sujeito e predicado

-Postulado universal de Chomsty : fenômeno de recursividade -> somos capazes de produzir sentenças complexas a partir de sentenças simples.

-Os grupos sociais se organizam segundo as camadas que existem na língua

-Claude Levi-Strauss, estudou alguns grupos indígenas no Brasil observou que esses grupos se organizavam como as estruturas linguísticas.

Vídeo

->Existem comportamentos simbólicos entre os animais.

O sistema de comunicação das abelhas é um sistema de sinais.

As abelhas operárias ao chegarem na colméia, fazem uma espécie de "dança" para poder mostrar as outras abelhas, onde o néctar se encontra, sendo assim, as abelhas que presenciaram essa "dança" saem a procura do néctar; ou seja, uma abelha que não presenciou essa "dança" não poderá sair em busca do néctar, pois não saberá aonde o néctar se encontra, já o ser humano, pode transmitir ao outro, sua própria experiência.

Os animais não possuem linguagem como o homem, os animais possuem apenas sinais.

->Cada grupo social, possui uma maneira 'específica' de se comunicar. E dessa maneira, se um fala de modo diferente do outro, esse modo diferente é 'errado', e com isso, surgiu o estudo do "certo e do errado", de Matoso Câmara.