quinta-feira, 27 de maio de 2010

Dispersos, capítulo 7.

Questões sobre o capítulo 7, "Considerações sobre o gênero em português" do livro "Dispersos" de Mattoso Câmara

1-) Explique a seguinte afirmação de Mattoso Câmara Junior: “o gênero (...) não coincide necessariamente com a diretriz semântica do sexo, é perturbador e contraproducente tomar essa diretriz como ponto de partida para a descrição da categoria substantiva de gênero” p.149.
Resposta: Mattoso Câmara Junior afirma que o gênero não tem que coincidir necessariamente com a diretriz semântica do sexo, e que não podemos pegar como ponto de partida, essa descrição da categoria substantiva do gênero; diz isso porque a própria noção do sexo fica prejudicada ao ser apresentada desse modo. Ele também diz que é de grande importância semântica, mas se fragmentada, é expressada pela categoria gramatical do gênero. Ex: Homem-mulher/ macho-fêmea -> a cobra macho- a cobra fêmea.


2-)Para Mattoso Câmara Junior o que é o gênero feminino? Dê exemplos que fundamentem a sua resposta.
Resposta: O gênero feminino é um processo de particularização significativa (que está distante de se limitar à especificação das fêmeas no reino animal); é uma particularização mórfico-semântica do masculino, uma oposição privativa, em que uma forma marcada pela desinência de feminino só se afirma em face de uma forma não-marcada (de desinência zero) para o masculino. Ex: lobo- loba.


3-)Mattoso Câmara Junior asserva que “não é a flexão do substantivo, em princípio, a marca básica do seu gênero.” Explique e exemplifique essa afirmação do lingüista brasileiro.
Resposta: O lingüista afirma que “não é a flexão do substantivo, a marca básica de seu gênero”, pois todos os substantivos na língua portuguesa possuem em gênero determinado, dependentemente ou não do contexto. Ex: “o” livro, “o” poeta, “o” dente como gênero exclusivamente masculino e “a” tribo, “a” rosa, “a” ponte são gêneros exclusivamente femininos.


4-)No entendimento de Mattoso Câmara Junior, quais são os dois aspectos básicos para se levar em conta no tratamento morfológico do gênero?
Resposta: Os dois aspectos básicos para se levar em conta o tratamento morfológico do gênero são: em primeiro lugar a explicação do princípio da indicação do gênero: a flexão do artigo, acompanhada, ou não, de uma flexão no substantivo que o artigo determina. E o segundo aspecto: o processo morfológico da flexão, que consiste na junção da partícula (desinência) –a como mudança morfofonêmica, que é preciso depreender a tabular.


5-)Para Mattoso Câmara Junior, o que é importante na descrição gramatical do gênero?
Resposta: É a depreensão do seu princípio diretor, existente na flexão do artigo, e o mecanismo flexional por que se expressa a categoria de gênero em português.

Analise de conversas da internet

Introdução:
Nesse trabalho analisaremos a linguagem de internet no seu uso corrente do dia-a-dia, com seus erros e acertos, com base em referências fonéticas, morfológicas e sintáticas, e os resultados obtidos, vamos comparar com o de Mattoso Câmara, que fez ao analisar 62 crianças entre 11 e 13 anos.

O livro “Dispersos” de Mattoso Câmara Jr, em seu capítulo ‘Erros de escolares como sintomas de tendências lingüísticas no português do Rio de Janeiro’, tem como objetivo, mostrar o estudo que o autor fez em um colégio de alto nível da cidade, as crianças fariam um “Exame de Admissão”, e para poderem treinar, fariam, antes dele, um ditado, uma descrição de uma gravura e questões gramaticais simples. Os resultados do estudo serão mostrados em breve.


Corpus para analise: site da UOL, nas salas de bate-papo de idade de 15 a 20 anos, no dia 25/04/2010, horário, entre 16h50 e 17h10

Fenômenos:
Fonéticos:
-Debilidade do acento tônico quando o vocábulo se acha no interior de um grupo de força;
-Ausência do [a] aberto átono;
-Tendência de anular-se a oposição entre [e] e [i], bem como [o] e [u] em posição pretônica;
-Tendência a nasalar a silaba simples i- ;provavelmente pela analogia dos vocábulos compostos com o prefixo in-;
-Redução sistemática do en- inicial a in- ;
-Tendência a nasalar [i] ou [u] tônicos finais, por mero mecanismo fonético, com o abaixamento da parte posterior extrema do véu palatino;
-Anulação da oposição entre o ditongo [ou] e [o] fechado;
-Tendência a vocalização do [l] velar posvocálico, passo à semivogal [u].

Morfológicos:
-Artificialismo das contrações pronominais do tipo mo;
-Falta de integração na língua coloquial no pretérito mais que perfeito do indicativo em –ra e certa incompreensão do pretérito imperfeito do subjuntivo em –sse.

Sintaxe:
-Tendência a próclise, exceto a partícula se, em função apassivante;
-Tendência a subordinar ao verbo o sujeito posposto, desaparecendo a concordância do verbo com o sujeito, resultando numa impessoalização;
-Tendência a transformar em complemento circunstancial um sujeito que designa lugar, de sorte que o verbo se impessoaliza;
-Emprego do que como conectivo geral, perdendo-se para o pronome relativo, a sua integração na oração que rege, com uma função sintática bem definida.


Discussão dos resultados:
Depois de exprimir o corpus e compará-lo aos fenômenos fonéticos, morfológicos e sintáticos, podemos ter a seguinte visão da língua que circula na internet:
-“non kiser” é uma mudança fonética, pois resume o ‘não’ e modifica o [qu] pra [k].
- “pera i..” é uma mudança fonética, pois o [e] é anulado, e em seu lugar, entra o [i]
- “naum”, mudança fonética, facilidade na hora da fala e da escrita, o [o] foi substituído pelo [um]
- “ondi” é uma mudança fonética, o [e] é anulado, e em seu lugar, entra o [i]
- “ecessiva”, além de um erro gramatical, o indivíduo escreveu conforme a oralidade, excluindo o [x] da palavra
- “garantu”, é uma mudança fonética, pois o [o] é anulado, e no lugar dele entra o [u]
- “ker”, vemos novamente a mudança do [qu] para [k], facilitando assim, a escrita.
- “kd”, forma simplificada de escrever “cadê”, além d ser uma mudança fonética.
- “como vc vai”, forma invertida de dizer: “como vai vc?” mudança sintática


Conclusão:
Depois de ver o trabalho que Mattoso Câmara teve para perceber e anotar os erros das crianças entre 11 e 13 anos, catalogando-os junto aos fenômenos fonéticos, morfológicos e sintáticos, pudemos ver, o quanto é difícil e trabalhoso fazer o que ele fez, mas no final, veremos que os resultados são proveitosos. Ao que vemos hoje, ao entrarmos nas salas de bate-papo de sites que nos disponibilizam tais atitudes, as conversas são muito rápidas, instantâneas, o que exige do internauta, uma digitação rápida, o que o permite, errar, escrever palavras de acordo com a ordem oral, e não de acordo com a norma culta, e a maioria dos erros, como pude observar, é de ordem fonética, o que ressalta o que já foi dito anteriormente.

Referências Bibliográficas:
-Dispersos, J. Mattoso Câmara Jr. Org. Carlos Eduardo Falcão Uchoa

Anexos:
Conversas no bate-papo.

(04:54:36) Beto fala para Amanda: se non kiser conversar
(04:54:39) Beto fala para Amanda: entenderei ^^
(04:55:14) Beto fala para Amanda: pera i.. vou pegar...
(04:56:38) João fala para alfazema: naum
(04:57:49) alfazema fala para João: a ondi vc viu ?
(04:59:14) Beto fala para Amanda: como a indiferença ecessiva entre um casal
(05:00:16) João fala para alfazema: me garantu mais do q vc
(05:02:00) João fala para **Samantha**: vc ker tc ???
(05:03:15) allan fala para Amanda: kd vc?
(05:04:29) lidia_15_ fala para Marcuss: como vc vai?